
Setor de bares e restaurantes vê oportunidade de crescimento, enquanto companhias aéreas enfrentam potencial "nó logístico".
O possível retorno do horário de verão no Brasil, um tema que voltou a ser debatido devido à seca severa e seus impactos no sistema elétrico, tem gerado reações mistas entre diferentes setores da economia. Se por um lado o horário de verão pode trazer benefícios significativos para bares e restaurantes, por outro, representa um desafio considerável para as companhias aéreas.
O horário de verão, que foi extinto em 2019, voltou à pauta do governo como uma possível solução para ajudar a aliviar a pressão sobre o sistema elétrico nacional, que enfrenta dificuldades devido à baixa geração de energia hidrelétrica. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, mencionou que a retomada dessa política está sendo considerada com urgência.
Benefícios esperados para o setor de bares e restaurantes
O setor de bares e restaurantes, representado pela Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), vê o possível retorno do horário de verão com otimismo. De acordo com a entidade, a extensão das horas de luz natural pode aumentar significativamente o movimento em bares e restaurantes entre 18h e 20h, período que geralmente experimenta um pico de clientes. A Abrasel estima que esse aumento pode elevar em até 50% a receita desses estabelecimentos durante esse intervalo, resultando em um incremento de 10% a 15% no faturamento mensal médio do setor.
“Ter mais horas de luz natural pode trazer benefícios diretos ao comércio e ao turismo, além de proporcionar mais segurança e oportunidades para socialização e lazer”, afirmou Percival Maricato, diretor institucional da Abrasel-SP. A associação também citou uma pesquisa realizada com 3.000 usuários do site Reclame Aqui, onde 54,9% dos respondentes se mostraram favoráveis ao retorno do horário de verão.
Desafios para o setor aéreo
Por outro lado, o setor aéreo enfrenta possíveis complicações logísticas com a reintrodução do horário de verão. A principal preocupação é a necessidade de ajustar toda a programação de voos, especialmente para rotas internacionais. De acordo com uma fonte do setor aéreo, que preferiu não ser identificada, a mudança no horário exigiria a reprogramação dos horários de partida e chegada dos voos, além de ajustes nas conexões e custos adicionais para realocar equipes e tripulantes.
A programação de voos para os próximos seis meses já está definida e acordada, com base nos calendários internacionais de “slots” nos aeroportos, que são organizados com meses de antecedência. A mudança no horário de verão pode causar um “nó logístico” significativo, uma vez que a alocação de slots é feita para duas temporadas anuais, correspondendo às estações de verão e inverno no hemisfério norte. A próxima temporada de verão internacional começa no final de março, após o término do verão brasileiro.
A questão do horário de verão também foi discutida em reuniões do Conaero (Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias) ao longo do ano, refletindo a complexidade do impacto potencial para o setor aéreo.
Próximos passos
Na quinta-feira, 19, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) apresentará um plano de contingência para o setor elétrico, incluindo um estudo técnico sobre os possíveis efeitos do horário de verão. Com base nesse estudo, o governo decidirá sobre a viabilidade e os impactos da reintrodução dessa política.
Enquanto a discussão sobre o retorno do horário de verão continua, os setores afetados se preparam para ajustar suas operações e estratégias, buscando equilibrar os potenciais benefícios e desafios dessa medida.
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